Por Nice Affonso, do Portal da Arquidiocese do Rio
Foto: Carlos Moioli
O mundo assiste aos protestos que acontecem por muitas cidades do
Brasil, em manifestações populares que já chegaram a reunir mais de 1,2
milhão de pessoas pelas ruas num mesmo dia. O país, desde 1992, ano do
impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, não era palco
de reivindicações que assumissem tamanha proporção.
O movimento, articulado pelas mídias sociais, tem, em sua maioria,
jovens como protagonistas. E visa ao bem da nação. Felizmente, olhando
para as últimas notícias, referentes à derrubada da PEC 37 — que
concederia poder exclusivo à polícia para realizar investigações
criminais, retirando essa possibilidade do Ministério Público — e ao
projeto de a Câmara destinar 75% dos royalties do petróleo e gás natural
para a educação e 25% para a saúde, talvez se possa afirmar que as
manifestações já começam a produzir os bons frutos esperados pela
população.
Tais princípios de vitória revelam a força de uma juventude que, unida,
aprende a reivindicar seus sonhos de viver num país mais justo e
fraterno. E, ao mesmo tempo, revelam uma linda verdade: os jovens
brasileiros sabem o que querem no presente para a construção de um
futuro mais próspero.
O mundo, perplexo e emocionado, assiste a ida para as ruas de uma
juventude considerada, até então, alienada da política. O que se vê são
rapazes e moças que, neste momento da história — mais do que motivados
pela revolta com o aumento dos vinte centavos nas passagens, sem
melhoria para os transportes urbanos — , expressam suas frustrações e
anseios sobre o rumo das perspectivas do país que influenciam o caminhar
individual de cada um.
Não, o mundo não viu apenas atos de vandalismo. Não, os jovens
brasileiros não são intolerantes e nem destruidores do patrimônio
público e privado. Quem se envolveu com esses atos depredatórios foram
pequenos grupos que não representam a maioria da população. E foram
mesmo pequenos grupos! E isso, infelizmente, ganhou muito espaço na
cultura sensacionalista da mídia, abafando a beleza da verdade do que se
via pelas ruas do país.
Os jovens brasileiros são gente de paz, que sonha com um futuro melhor e
impregnado pelos valores cristãos, que, antes mesmo de remeterem a
qualquer credo que seja, são valores humanos que se voltam para o
social.
E não se pode negar que em meio a essa multidão há muitos cristãos que,
conforme a orientação do Papa Francisco, por ocasião do seu encontro
recente com professores e estudantes, estão cientes sobre qual é o seu
compromisso social, já que para o cristão é “uma obrigação envolver-se
na política”, citada por ele como uma das mais altas formas de caridade,
por buscar o bem comum.
A juventude, que carrega em si a responsabilidade de auxiliar na
construção de um futuro melhor, tem como missão buscar a transformação
da sociedade tendo os ensinamentos de Jesus Cristo como critério. O
espírito democrático comporta a paz, o respeito ao outro e à ordem
pública, exatamente como o cristianismo.
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