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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Cineclubes invadem as Igrejas do Rio

Raphael Freire, do Portal da Arquidiocese do Rio
Fotos: Ezequias Gadelha e Michel Soares

Uma parceria feita entre a Arquidiocese do Rio de Janeiro e a Pontifícia Universidade Católica (PUC-RIO) está resgatando os movimentos cineclubistas, com sessões gratuitas, em paróquias e capelas da cidade. Atualmente a Arquidiocese conta com mais de 20 cineclubes espalhados pelas igrejas do Rio, que realizam sessões periódicas com o objetivo não só de evangelizar, mas de estimular o senso crítico dos espectadores afirmando, assim, uma das principais finalidades do movimento cineclubista.

Como uma iniciativa do Vicariato para a Comunicação Social, a ideia surgiu em 2009 com a chegada do novo Arcebispo, Dom Orani João Tempesta, – conhecido por realizar inúmeros progressos nos veículos de comunicação da Igreja no Brasil – que incentivou a realização do curso “Cinema e Pensamento”, oferecido pela PUC-Rio, para os agentes de pastorais das igrejas.

— A ideia de montar o cineclube aqui na comunidade foi logo depois que eu fiz o curso de capacitação na PUC. Nós estávamos iniciando a Pastoral da Comunicação (PASCOM) quando, durante o curso, aprendemos sobre a História do Cinema. A partir daí eu comecei a gostar e a entender melhor o que era a sétima arte, afirmou a coordenadora do cineclube na Capela Nossa Senhora das Graças, no Morro do Borel, Sandra Belém.

Segundo Michel Soares, Coordenador da PASCOM na Paróquia Nossa Senhora do Bonsucesso de Inhaúma, que fica localizada no bairro de Bonsucesso, conteúdos como a história do cinema articulados com a história do pensamento, a análise de alguns filmes, a avaliação da ferramenta e como ela influencia na mensagem, foram fundamentais durante o curso para a compreensão de como se deve organizar um cineclube.

— Já temos esse projeto aqui na paróquia há mais de um ano e já realizamos diversas sessões. Fomos percebendo que nosso trabalho deve começar quase que da estaca zero, no sentido de formar o público para essa realidade, pois ainda é difícil você trazer pessoas que queiram pensar, refletir e debater sobre os filmes, explicou.

O Coordenador Arquidiocesano da Pastoral da Comunicação, Padre Márcio Queiroz, acredita que o crescimento dos cineclubes na Arquidiocese tem a ver com o desejo dos fiéis de se tornarem agentes ativos na construção do pensamento.

— A realidade do cinema por si só já é muito positiva e a Igreja sempre foi uma grande motivadora da cultura. O crescimento dos cineclubes na Arquidiocese reflete o desejo do fiel não só de ser expectador, mas de poder interagir e discutir ideias e valores a partir do filme proposto. O povo já não engole tudo tão pacificamente, questiona e critica porque busca sentido para a própria existência, ressaltou o Sacerdote.

Cada paróquia ou capela tem a liberdade de realizar as sessões de acordo com as suas realidades e possibilidades, mas um elemento causa polêmica entre os católicos. Os cineclubes realizados nas igrejas devem exibir apenas filmes religiosos? Eles atraem o público? Para a jornalista católica e pedagoga, que faz parte da equipe do cineclube da Paróquia Santo Afonso, na Tijuca, Ana Maria Galheigo, filmes com temáticas religiosas podem, sim, lotar os auditórios e salões paroquiais, pois as pessoas sentem falta dos heróis.

— A gente tem experiências de paróquias que estão passando filmes religiosos e estão com uma platéia imensa, porque hoje as pessoas sentem falta dos heróis. Nós não temos mais heróis. Quem são os heróis da mídia de hoje? Os Brothers da vida dos realitys shows e toda essa sociedade de consumo que está por ai? - questionou Ana.

É fato que os cineclubes nas paróquias e capelas do Rio de Janeiro estão unindo crianças, jovens, adultos, famílias, religiosos e sacerdotes. Após a exibição do filme “5X Favela – Agora por nós mesmos”, no Cineclube do Borel, a jovem Suelen Silva, da Paróquia São Camilo de Lelis, na Usina, refletiu sobre a importância das sessões não só para os jovens, mas também para os idosos.

— Acho a proposta do cineclube muito interessante, pois ao mesmo tempo em que evangeliza e passa um pouco da realidade para os jovens também transmite algo inovador para as pessoas de mais idade, que não tiveram a oportunidade de participar de cineclubes no passado, ponderou.

Sobre a real missão das sessões realizadas nas igrejas, Padre Márcio Queiroz define:

— A Igreja propõe desde muito tempo o método do ver, julgar e agir. Acredito que o cineclube possa contribuir para que a vivência deste método possa atingir todas as instâncias da paróquia, onde nossos agentes de pastoral possam avaliar, criticar e buscar soluções comuns para as dificuldades e desafios. O cineclube é mais um canal de evangelização que responde aos anseios da própria Igreja quando fala de nova Evangelização. Este, certamente, é um caminho a ser valorizado, orientado e motivado em nossas comunidades paroquiais, concluiu.


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