“Neste início do Sínodo, aparece com muita clareza a missão da Igreja em
comunicar hoje a beleza e os valores daquilo que se entende como família
cristã”, disse o Cardeal Orani João Tempesta, um dos representantes do Brasil
na 3a Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que está sendo
realizada no Vaticano, de 5 a 19 de outubro.
“Esta realidade ficou muita clara devido à mudança de época, uma cultura
diferente que estamos vivendo que não aceita a família como a Igreja anuncia”,
acrescentou.
O arcebispo do Rio de Janeiro explicou que a assembleia tem o caráter
de extraordinária, por ser realizada em duas etapas. Os vários temas, que
tem como foco central “Os desafios pastorais sobre a família no contexto
da evangelização”, vão sendo discutidos e tendo seus encaminhamentos a
cada dia. Porém, o Sínodo convocado e desejado pelo Papa Francisco será
concluído somente em 2015.
Outros aspectos amplamente discutidos, frisou Dom Orani, foram as várias
situações que a família enfrenta hoje. Entre elas, a falta de interesse pelo
casamento na vida familiar e também a participação na Igreja de cristãos
católicos que não estão regularmente casados.
“Se faz necessário que a Igreja reapresente a importância e a beleza da
família num mundo que não a entende e, ainda, como acolher as pessoas sem
deixar de lado a doutrina que se prega, mas manifestando a misericórdia em
situações que de fato existem na Igreja”, salientou.
Realidades no mundo
O arcebispo explicou que os padres sinodais discutem, a princípio, os
questionários enviados pelas dioceses, paróquias, movimentos e comunidades
do mundo inteiro, o que reflete as preocupações com a problemática familiar
em todos os continentes.
Os desafios das famílias na África têm gerado muitos pronunciamentos no
Sínodo. Além da pressão da pobreza e dos conflitos, existe uma cultura que
não leva em conta os ideais da família cristã.
Na Ásia, existe toda uma cultura diferenciada em que os cristãos estão fugindo
de suas casas com as incertezas da política de seus países e a crescente onda
de perseguições por causa da fé.
América Latina
Já na América Latina, explicou o arcebispo, a “evangelização nasceu junto
com o continente, mas os fiéis católicos têm se sentido influenciados por uma
secularização, um individualismo, um subjetivismo que chama a atenção pela
respostas que devem dar”.
A cultura católica que predominou desde o princípio no Brasil, sinalizou Dom
Orani, vem diminuindo nos últimos tempos. Já não é mais ‘pacifico’ entre as
pessoas, a constituição das famílias, os casamentos, a procriação e o batismo
dos filhos.
“Muitas questões refletem na vida de fé. Devido às circunstâncias atuais,
muitas pessoas acabaram se unindo sem o matrimônio e querem participar
da vida da Igreja. Sem ter essa necessidade de poder dizer que está presente
também nessa caminhada, esperam da Igreja uma palavra, uma resposta”,
pontuou.
Solidariedade ao Médio Oriente
Dom Orani informou ainda sobre a convocação do Papa Francisco para um
encontro sobre a situação do Médio Oriente, marcado para 20 de outubro,
aproveitando a presença dos patriarcas orientais.
“A Igreja quer se posicionar, ser uma presença diante das perseguições dos
cristãos no Oriente Médio, principalmente na Síria e no Iraque. A própria
Assembleia Extraordinária quer tornar pública uma declaração sobre esse
assunto, uma carta sobre as famílias que estão sendo perseguidas”, concluiu.
Carlos Moioli
moioli@arquidiocese.org.br
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