Por: Carlos Moioli - Portal da Arquidiocese
Na busca de fazer a vontade de Deus
A expressão do autor divino ‘Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec’ (Hb 5, 6), encontra uma feliz ressonância na vida e no ministério de monsenhor Vital Francisco Brandão Cavalcanti.
Nesta terça-feira, 2 de setembro, ele completou 90 anos de idade, com missa em ação de graças realizada na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Glória. A maior parte de sua vida, totalmente dedicada a Deus, na esteira do seguimento do sumo e eterno sacerdote.
“Ainda hoje tenho procurado aplicar cotidianamente o Evangelho na vida. Não é fácil, mas me esforço para assimilar, na busca de dar uma resposta para Deus hoje”, explicou.
Os passos hoje podem ser lentos, a voz pode ser embargada, mas o múnus de proclamar e explicar a Palavra de Deus continua com o mesmo vigor dos primeiros tempos. Um ‘exemplo de sacerdote’, sinalizam os seus fiéis paroquianos. Desde que se tornou pároco emérito, celebra todos os dias da semana, às 12h05, para os colaboradores da Arquidiocese do Rio.
Feliz e agradecido pelo dom da vida e pela vocação recebida, monsenhor Vital explica que ainda se esforça para corresponder ao chamado de Deus.
“Três características marcam a minha vida: o amor a Eucaristia, a devoção a Nossa Senhora e o ‘sentir com a Igreja’, na estima aos pontífices, desde João XXIII até o Papa Francisco, no respeito e na vontade de viver as suas orientações”, pontuou.
Ação de graças
Neste ano, a comemoração de seu aniversário natalício está entrelaçada com o jubileu do Seminário São José. Considerado o decano dos seminaristas, um exemplo para quem deseja se consagrar a Deus. Mais que exemplo, é admirado por todos os seus irmãos de sacerdócio.
Apesar de levado, a vocação nasceu cedo. Não teve o exemplo de ninguém. Acredita que foi por influência de sua Comunhão precoce. Quando recebeu, pela primeira vez, tinha seis anos incompletos.
“A Eucaristia, que sempre tive um amor especial, me atraiu para o sacerdócio. Um amor que foi possível, motivado pelo Papa Pio X, cuja canonização tive a alegria de participar, em 1954, na minha primeira peregrinação a Roma. Foi ele quem permitiu e impulsionou as crianças a receber a Comunhão, desde que
soubesse distinguir a diferença do pão eucarístico”, explicou.
O menino Vital, filho do engenheiro mecânico Francisco Cezar Brandão Cavalcanti e de Maria Tereza Brandão Cavalcanti, nasceu em Recife (PE), no dia 2 de setembro de 1924. Com menos de dois anos veio com a família para o Rio de Janeiro, onde residiu primeiramente no bairro da Glória, junto com seus
avós paternos.
O ensino fundamental fez no Externato Coração Eucarístico. Entre 1935 e 1940 estudou no Seminário São José, no Rio Comprido, concluindo o ensino médio.
Os cursos de filosofia e teologia, de 1941 a 1947, fez na cidade de São Paulo, no Seminário Central da Imaculada Conceição, no Ipiranga.
No dia 7 de dezembro de 1947, aos 23 anos, era ordenado sacerdote por Dom Jaime de Barros Câmera, na Paróquia Nossa Senhora da Antiga Sé, no Centro, onde foi pároco na década de 1970.
Durante seu ministério sacerdotal, monsenhor vital, que recebeu o título do Papa João XXIII e confirmado pelo Papa Paulo VI, exerceu várias atividades no âmbito diocesano.
A primeira função, por 14 anos, foi a de professor do Seminário São José. Também foi notário e chanceler da Cúria, e vigário geral durante o Concilio Vaticano II, respondendo pela arquidiocese.
Foi ainda vigário episcopal, membro da comissão de Liturgia, do Conselho Presbiteral, defensor de vínculo no Tribunal Interdiocesano, penitenciário do Cabido da Catedral, coordenador da Escola Luz e Vida e redator do folheto da Foi capelão de diversas instituições de cunho social e educacional e assistente espiritual de diversas associações e movimentos, até hoje, como as Equipes de Nossa Senhora, o Serra Clube e Pia União das Filhas de Maria.
Congresso Eucarístico
Um dos eventos que permanecem na memória de monsenhor Vital é o Congresso Eucarístico Internacional, realizado no Rio de Janeiro, em 1955. Evento que ganhou impulso a partir dos decretos de São Pio X sobre a comunhão frequente (Sacra Tridentina Synodus, de 1905) e sobre a comunhão das crianças (Quam Singularis, de 1910).
“O Congresso Eucarístico no Rio foi um movimento extraordinário para toda a Igreja. Fui um dos padres que carregou o carro na procissão final, que reuniu milhares de fiéis. Andando na rua de batina, as pessoas pediam para se confessar. Havia missas em muitos horários, até a meia-noite. Além da beleza do evento, os seus frutos perduraram em amor pela Eucaristia e no fortalecimento da vida paroquial”, destacou.
Vida de pároco
De 1964 a 1976, monsenhor Vital esteve à frente da Paróquia São Francisco Xavier, na Tijuca, onde construiu uma capela no Morro da Chacrinha. Por dez anos, também respondeu pela comunidade do Esqueleto.Em 1977, assumiu a Antiga Sé, depois de estudar por um ano em Roma, na Gregoriana, como presente pelos seus 30 anos de ordenação.
Na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na Glória, foi pároco por 22 anos, a partir de 1982. Preocupado com a evangelização de seus paroquianos, construiu também uma capela dedicada a Nossa Senhora da Paz, no morro Santo Amaro.
“Sempre fui um pároco caseiro, presente nas reuniões dos diversos grupos
existentes. Não descuidei dos jovens, da família, dos pobres. Não fiz tudo, mas
o possível. Acredito que deixei boas sementes”, pontuou.
Fotos e texto: Carlos Moioli
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